terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O lugar de onde a gente nunca devia ter saído



Depois da despedida da tarde, a noite veio suave visceral.
Os pneus afagam o asfalto iluminado pelos faróis do carro.

Finalmente, de novo contigo nesse ambiente -
o lugar de onde a gente nunca devia ter saído.

Não importa se porta afora
o mundo todo ignora
o céu profundo
que a noite quente decora:
protegidos um pelo outro
nós temos tudo
(menos motivo
                  pra ir embora).

Me salve, 
enxague meu espírito ensaboado de melancolia. 
Canta, dança. 
Não ligue pra distância -
me alcança.

Vem comigo, 
cavalga minha alma, 
devolve o sentido pra essa cidade fantasma.
Vem comigo,
me faço de novo seu asilo 
tranquilo e morno,
tarde de sol no azul sonolento de outono,
seu companheiro e hospedeiro,
carnaval pra um ano sem fevereiro.

Protegidos um pelo outro,
não importa se o mundo lá fora,
indiferente ao céu que a noite decora,
não sente -
nós sentimos
e isso é o suficiente
(antes,
         agora,
                   sempre).

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