sexta-feira, 13 de junho de 2014

Paraíso Incinerado

era assim
lágrimas de verão sob céus radiantes
nada de indicadores apontando horizontes em ruínas

ela veio
com lava nas veias
ocupando os cômodos do espírito

era outra lua
em uma época em que o sol trazia tardes de música e euforia

manhãs sem cicatrizes
livros pintados de raios de sol
janelas emoldurando uma satisfação inabalável

-entre os que acreditavam no Cristo redentor
e os que cultuavam a destruição gratuita
eu sussurrava serenidade -

um reino de rosas e vinho tinto
e ela
vinha
comigo

e antes que o escuro alcançasse o teto do mundo
como veio
foi
embora
ela e aquele sentimento

agora
portas fechadas e janelas pouco receptivas ao sol da tarde
pouco dispostas a deixar 
o vento entrar

e faço malabarismos
                 com memórias e impressões
                 e te convido
                             para dialogarmos como sombras
                                         depois que a meia-noite
                                          perder a língua

e veja se aparece
                  para visitarmos
                            o paraíso incinerado -
onde talvez ainda haja
algum vestígio
da nossa festa