lágrimas de verão sob céus radiantes
nada de indicadores apontando horizontes em ruínas
ela veio
com lava nas veias
ocupando os cômodos do espírito
era outra lua
em uma época em que o sol trazia tardes de música e euforia
manhãs sem cicatrizes
livros pintados de raios de sol
janelas emoldurando uma satisfação inabalável
-entre os que acreditavam no Cristo redentor
e os que cultuavam a destruição gratuita
eu sussurrava serenidade -
um reino de rosas e vinho tinto
e ela
vinha
comigo
e antes que o escuro alcançasse o teto do mundo
como veio
foi
embora
ela e aquele sentimento
agora
portas fechadas e janelas pouco receptivas ao sol da tarde
pouco dispostas a deixar
o vento entrar
e faço malabarismos
com memórias e impressões
e te convido
para dialogarmos como sombras
depois que a meia-noite
perder a língua
e veja se aparece
para visitarmos
o paraíso incinerado -
onde talvez ainda haja
algum vestígio
da nossa festa