Depois da despedida da tarde, a noite veio suave visceral.
Os pneus afagam o asfalto iluminado pelos faróis do carro.
Finalmente, de novo contigo nesse ambiente -
o lugar de onde a gente nunca devia ter saído.
Não importa se porta afora
o mundo todo ignora
o céu profundo
que a noite quente decora:
protegidos um pelo outro
nós temos tudo
(menos motivo
pra ir embora).
Me salve,
enxague meu espírito ensaboado de melancolia.
Canta, dança.
Não ligue pra distância -
me alcança.
Vem comigo,
cavalga minha alma,
devolve o sentido pra essa cidade fantasma.
devolve o sentido pra essa cidade fantasma.
Vem comigo,
me faço de novo seu asilo
tranquilo e morno,
tarde de sol no azul sonolento de outono,
seu companheiro e hospedeiro,
carnaval pra um ano sem fevereiro.
Protegidos um pelo outro,
não importa se o mundo lá fora,
indiferente ao céu que a noite decora,
não sente -
nós sentimos
e isso é o suficiente
(antes,
agora,
sempre).