a vez da minoria vigora
sem vazão da visão coletiva
violência vandalismo multidão tumulto
protesto do jeito permitido parece grito para ouvidos surdos
atados ao terror
tentados por trilhões de tendências
tentamos transitar pelo tráfego
enquanto o mundo simula uma mania de mudança
esse escuro é impermeável à luz
o néon não é capaz de iluminar nosso escuro
feche os olhos para o presente devastado
e veja o deserto do futuro
corte o cabelo
faça a barba
te querem de terno e gravata
gerando lucro
aspirando pela nata
já não falamos em línguas
nos comunicamos em código binário
se fez tanto
mas continuamos divididos
entre pobres e ricos
espertos e otários
espermatozoides e óvulos
em laboratórios
em reservatórios
onde a vida é concebida
segundo critérios eugênicos
enquanto aqui fora se confunde farinha de trigo com arsênico
você diz que nunca vivemos tão bem
que sou retrógrado
e não enxergo além
e se queixa de que a conexão caiu sem mais nem menos
eu espero que o céu desabe
não em chuva orvalho sereno ou lágrimas
mas em antídoto
pra esse veneno com que convivemos